16 abril 2006

Páscoa preguiçosa...


Eita domingo bom!!! Cheio de preguiça, para descontrair um pouco, posto um texto que a-d-o-r-e-i e compartilho com vocês...a todos um ótimo domingão e um belo início de semana...

Vende frango-se – Martha Medeiros

Alguém encontrou esta pérola escrita numa placa em frente a um mercadinho de um morro do Rio: “Vende frango-se”. É poesia? Piada? Apenas mais um erro de português? É a vida e ela é inventiva. Eu, que estou sempre correndo atrás de algum assunto para comentar, pensei: isto dá samba, dá letra, dá crônica. Vende frango-se, compra casa-se, conserta sapato-se.

Prefiro isso aos “q tc cmg?” espalhados pelo mundo virtual, prefiro a ingenuidade de um comerciante se comunicando do jeito que sabe, é o “beija eu” dele, o “que vim aqui casa?” de tantos.

Vende carne-se, vende carro-se, vende geléia-se. Não incentivo a ignorância, apenas concedo um olhar mais adocicado ao que é estranho a tanta gente, o nosso idioma. Tão poucos estudam, tão poucos lêem, queremos o quê? Ao menos trabalham, negociam, vendem frangos, ao menos alguns compram e comem e os dias seguem, não importa a localização do sujeito indeterminado. Vive-se.

Talvez eu tenha é ficado agradecida por este senhor ou senhora que anunciou-se de forma errônea, porém inocente, já que é do meu feitio também trocar algumas coisas de lugar, e nem por isso mereço chicotadas, ao contrário: o comerciante do morro me incentivou a me perdoar. Esquecer o nome de um conhecido, não reconhecer uma voz ao telefone, chamar Gustavos de Olavos, confundir os verbos e embaralhar-se toda para falar: sou a rainha das gafes, dos tropeços involuntários. Tento transformar em folclore, já que falta de educação não é. Conserta destrambelhada-se. Eu me ofereço pro serviço. Quem não? Sabemos todos como é constrangedor não acertar, mas lá do alto do seu boteco, ele nos absolve. Ele, o autor de um absurdo, mas um absurdo muito delicado.

Vende frango-se, e eu acho graça é uma coisa boa, sinal de que ainda não estamos tão secos, rudes e patrulheiros, ainda temos grandeza para promover o erro alheio a uma inesperada recriação da gramática, fica eleito o dono da placa o Guimarães Rosa do morro, vale o que está escrito, e do jeito que está escrito, uma vez que entender, todos entenderam. Fica aqui minha homenagem à imperfeição.

2 comentários:

Anônimo disse...

De quem é o texto?
Sou de Belo Horizonte, e a minha Banda se chama Vende Frango-se, pelos mesmos motivos expostos no texto.
será que posso usar alguns trechos deste trecho para colocar no texto de apresentação da banda?
Aguardo uma resposta
meu e-mail é benficageo@yahoo.com.br
Valeu!

Anônimo disse...

Veja se naum eh meu amigo Estevao VF-se... Eis q encontro um vendedor de frango-se em taum vasto oceano.... fazendo uma boa leitura afim de compreender e reafirmar a identidade do ser imperfeito..... bjo irmão.... nos vemos....

e para a autora... bjo tbm... sei q assim vc naum gosta... entaum....

beijo também...