22 dezembro 2006

Final de ano...


Venho aqui hoje e valho-me das palavras de uma escritora a qual aprecio muito. Desejo a todos que passaram por aqui, nesse ano, um lindo Natal, repleto de paz, amor, saúde e muitas felicidades, momentos mágicos com as pessoas amadas, carinho entre entes queridos, enfim, tudo de bom a todos que compartilharam comigo deste ano que está quase terminando. E que 2007 chegue leve e traga-nos deliciosas surpresas.


Efêmero - Letícia Thompson

Se pudéssemos ter consciência do quanto nossa vida é efêmera, talvez pensássemos duas vezes antes de jogar foraas oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes.
Muitas flores são colhidas cedo demais. Algumas, mesmo ainda em botão.
Há sementes que nunca brotam e há aquelas flores que vivem a vida inteira até que, pétala por pétala, tranqüilas, vividas, se entregam ao vento.
Mas a gente não sabe adivinhar. A gente não sabe por quanto tempo estará enfeitando esse Éden e tampouco aquelas flores que foram plantadas ao nosso redor.
E descuidamos.
Cuidamos pouco.
De nós, dos outros.
Nos entristecemos por coisas pequenas e perdemos minutos e horas preciosos.
Perdemos dias, às vezes anos.
Nos calamos quando deveríamos falar; falamos demais quando deveríamos ficar em silêncio.
Não damos o abraço que tanto nossa alma pede porque algo em nós impede essa aproximação.
Não damos um beijo carinhoso "porque não estamos acostumados com isso" e não dizemos que gostamos porque achamos que o outro sabe automaticamente o que sentimos.
E passa a noite e chega o dia, o sol nasce e adormece e continuamos os mesmos, fechados em nós. Reclamamos do que não temos, ou achamos que não temos suficiente.
Cobramos.
Dos outros. Da vida. De nós mesmos.
Nos consumimos.
Costumamos comparar nossas vidas com as daqueles que possuem mais que a gente.
E se experimentássemos nos comparar com aqueles que possuem menos? Isso faria uma grande diferença!
E o tempo passa...
Passamos pela vida, não vivemos.
Sobrevivemos, porque não sabemos fazer outra coisa.
Até que, inesperadamente, acordamos e olhamos pra trás. E então nos perguntamos: e agora?
Agora, hoje, ainda é tempo de reconstruir alguma coisa, de dar o abraço amigo, de dizer uma palavra carinhosa, de agradecer pelo que temos.
Nunca se é velho demais ou jovem demais para amar, dizer uma palavra gentil ou fazer um gesto carinhoso.
Não olhe para trás. O que passou, passou. O que perdemos, perdemos. Olhe para frente!
Ainda é tempo de apreciar as flores que estão inteiras ao nosso redor.
Ainda é tempo de voltar-se para Deus e agradecer pela vida, que mesmo efêmera, ainda está em nós.
Pense!...
Não o perca mais!...

14 dezembro 2006

Aprendendo...

Saber-se insuficiente multiplica a dor quando há também a certeza da total entrega, quando se acreditou, compartilhou, confiou achando que poderia ser diferente, especial, pra sempre.
Entregar-se é bom, mas quando alguém está pronto para acolher-te verdadeiramente é melhor.
Perder-se pode ser muito bom, mas quando há alguém para encontrar-te é que vale a pena.
É por isso que, depois de alguma decepção a gente acha que os sinais não devem ser ignorados, mas não seria paranóico dar razão a qualquer sinal?
Talvez precisemos estar atentos à repetição das sensações, afinal o resultado de várias situações remete-nos a um instante mínimo de intuição. Medir as palavras, pisar em cascas de ovos, andar abraçado à cautela já não são apenas atitudes preventivas, mas também de preservação do eu, pois quem queimou a língua uma vez não esquece de soprar à sopa.
Amar é muito bom, mas você vai aprendendo que não existem dias, locais ou ocasiões e sim aquela pessoa que faz qualquer momento ser mágico, insubstituível, inesquecível. É quando o ontem, o agora e o amanhã tornam-se muito pouco para viver tamanho sentimento...


28 novembro 2006

Volvendo...


Eita correria boa de final de ano, apesar de estar de férias da faculdade, haja trabalho para ocupar meu tempo, mas não posso deixar de passar por aqui, sinto falta quando não posto, apesar de não estar escrevendo, mas logo estarei 'totalmente' de férias... rs... e aí sim quero dedicar-me mais à minha arte.
Comecei algo, há algumas semanas, transformou-se nisto que posto para vocês hoje... espero que gostem.

Sede literária - Vânia Sousa

A sede do meu ser não cessa,
anda desidratada da saliva dos poetas:
líquido escorrido que em vermelho expressa
o sangue pulsante da veia poética.

Esfomeada arte, não satisfeita,
desnutrida pela reles rima que é feita,
quer o talho da carne dilacerada
expondo o corpóreo sentido na palavra.

Subvertendo entre linhas desconexas
tateando carícias em páginas entreabertas
ouvem-se súplicas à quintessência do poeta.

Essência-seiva que deveras alimenta
jorra em minha’lma que de ti anda sedenta
devolve-me à era da literária cadência...

Despeço-me com gosto de quero mais e de uma breve ausência. Beijo a todos!

16 novembro 2006

Desejo...


Nalgum lugar – Zeca Baleiro

Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre
tocando sutilmente, misteriosamente a sua primeira rosa.

Ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua intensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

Não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas...

Restinho de semana, que a sexta-feira chegue logo!!! E a todos, lindos dias!

12 novembro 2006

Posterior...


"Todos devem deixar algo para trás quando morrem: um filho, um livro, um quadro, uma casa ou parede construída, um par de sapatos. Ou um jardim. Algo que sua mão tenha tocado de algum modo, para que sua alma tenha para onde ir quando você morrer. E quando as pessoas olharem para aquela árvore ou aquela flor que você plantou, você estará ali. Não importa o que você faça, desde que transforme alguma coisa, do jeito que era antes de você tocá-la, em algo que é como você depois que suas mãos passam por ela.
A diferença entre o homem que apenas apara gramados e um verdadeiro jardineiro está no toque. O aparador de grama podia muito bem não ter estado ali; o jardineiro estará lá durante uma vida inteira".

Trecho do livro Fahrenheit 451

A todos, uma excelente semana!!!

07 novembro 2006

Divagações...

Final de semana, reencontro dos amigos, papo-cabeça e algumas reflexões intrigantes. Gosto muito de ouvir as divagações de meus amigos, mas na hora só consigo ouvir. As palavras entram em mim, reverberam-me o corpo todo, parece um remédio que você toma e tem de esperar o efeito, depois de algum tempo elas voltam e formula-se então minha opinião. O que mais intrigou-me foi uma questão: "Qual o sentido da vida?", ao que minha amiga afirma que a vida não tem nenhum sentido.
Eu concordo. Sentido lógico a vida não tem mesmo: a gente nasce e ninguém sabe como, cresce aprendendo a viver e morre também sem saber para onde vamos ou o que será de nós, não gosto de pensar que simplesmente deixaremos de existir, mas também é complicado pensar que voltaremos como alguma florzinha, um animalzinho, uma pedra ou até mesmo alguma outra pessoa. Nem sei o que prefiro pensar, mas tem gente que ignora, não é? Nem pensa sobre isso. Mas a morte é um fato inerente à vida, todos passaremos por isso (ou estagnaremos aí), não temo o que virá, é apenas uma curiosidade.
Mas, quanto ao sentido da vida, se ele existe ou não, para mim não faz diferença, a vida é o que temos, sabemos o que nos dá prazer e acho que buscar o que nos faz bem pode ser tido como uma meta, mesmo que ao final, nada disso tenha um sentido prático ou lógico, no entanto, teremos sido felizes, terá sido bom, e é isso o que importa.

01 novembro 2006

Gato pra puxar pelo rabo...

Vem - Vanessa da Mata

Vem
Que eu sei que você tem vontade
que eu sei que você tem saudade de mim
antes que haja enfermidade
que eu não me recupere

Mas
Se decidir fazer surpresa
deixei as chaves embaixo do xaxim
comprei os doces que devora
acho que agora não vai resistir

Um espelho pra sua vaidade
dossel, pena de ganso,
é quase um romance
desligue nossos celulares
três dias pra um começo, vem...

Vem
Que eu sei que você tem vontade
eu sei que você tem saudade de mim
antes que haja enfermidade
que eu me desespere...

A todos um ótimo feriadão!!!

30 outubro 2006

Cumpleaños feliz...


Mais um ano que se passa e durante esse período mais uma infinidade de aventuras e experiências para relembrar por toda a vida.
Agradeço aos meus pais, ao meu irmão e minha cunhada, aos meus amigos que estiveram comigo ontem, comemorando adiantado essa data especial, a todos os outros amigos que não puderam e não poderão vir, mas lembram-se e mandam suas energias positivas, tornando ainda mais animada esta data especial.

O fato é que, hoje sim é que fico mais velha, aliás, mais velha não, mais “tudo”! Mais experiente, mais agradecida, muito mais amiga e companheira...
Em especial um abraço à amiga que deixa muitas saudades, principalmente ontem quando estive reunida com as meninas: Elaine (Bô), vê se volta logo e enquanto está aí continue rezando por nós.
E a uma pessoa muito especial também que encontra-se no sul desse nosso país: saudade!!!
Parabéns aos amigos: Klleiton (29/10), Rosana (30/10) e Mariana (31/10) que também estão envelhecendo...hahaha
Beijos a todos e uma ótima semana.

26 outubro 2006

No embalo...

Tenho ouvido muito Falamansa, esse som me lembra muita coisa boa: praia, amigos, diversão...
Acho que estou com saudade da vida baileira, praieira, etc...rs

Oh! Chuva - Falamansa

Você que tem medo de chuva
você não é nem de papel
muito menos feito de açúcar
ou algo parecido com mel

Experimente tomar banho de chuva
e conhecer a energia do céu
a energia dessa água sagrada
que nos abençoa da cabeca aos pés

Oh! chuva
eu peço que caia devagar
só molhe esse povo de alegria
para nunca mais chorar.

E depois da chuva...

A todos um ótimo final de semana que promete, porque afinal de contas, segunda-feira será um dia especial...rs

21 outubro 2006

Sublime...

Para iluminar o final de semana e desejar que tudo seja leve, compartilho um pouco da arte que me transmite calmaria em tempos de aflição:


O segredo do futuro - Madredeus

O segredo do futuro,
É o amor
Um amor sublime e puro,
O belo amor
Só o amor
Resolve tudo numa esperança maior

Sem amor
O que foi grande é já menor
Sem amor
O que era bom ficou pior
Só o amor
Resolve tudo e traz a esperança até nós

Eu vejo o tempo a passar muito depressa

E ao longe essa esperança
Que sinto apagar
Chamou por mim
Para eu a chamar

A idéia de amor
Aconteceu
na estrada da Terra até ao Céu
A ideia de amor não se perdeu
E devolveu tudo o que se deu
A chave do futuro é dar de novo amor
A todo o "outro"...
O "outro" que és tu, e ele, e eu,
A sós neste mundo.

Tenham um ótimo final de semana.

18 outubro 2006

Inferno astral...

Nem acho que vale à pena conhecer, porque depois que fiquei sabendo o que era já é o segundo ano consecutivo que passo por ele...


Mas vai passar...

11 outubro 2006

Calafrio...

Finalmente chegou o feriadão! Pena não ter nada interessante para fazer nesses dias além de estudar, tenho de devorar em apenas duas semanas o conteúdo que deixei para ver na última hora, antes de um concurso que prestarei. Boa sorte pra eu...rs
Por outro lado, eu sabia que ainda teria uma esperançazinha no fim do túnel...rs...foi tão interessante mesmo com toda a certeza, sentir um calafrio ao perceber o contato. Agora só resta colocar os pingos nos is e ver como prossegue o barquinho pelo mar da vida...



Enchantagem - Paulo Leminski

de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo

esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito

pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar

tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade

o pau na vida
o vinagre
vinho suave

pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade


E não se esqueça: "Quando essa boca disser o seu nome, venha voando, mesmo que a boca só diga seu nome de vez em quando"...

08 outubro 2006

Bom começo...

Um ótimo começo de semana a todos...

Fusión - Jorge Drexler

¿Dónde termina tu cuerpo y empieza el mío?
A veces me cuesta decir.
Siento tu calor, siento tu frío,
me siento vacío si no estoy dentro de tí.

¿Cuánto de esto es amor? ¿Cuánto es deseo?
¿Se pueden, o no, separar?
Si desde el corazón a los dedos
no hay nada en mi cuerpo que no hagas vibrar.

¿Qué tendrá de real esta locura?
¿Quien nos asegura que esto es normal?
Y no me importa contarte
que ya perdí la mesura
que ya colgué mi armadura en tu portal.

Donde termina tu cuerpo y empieza el cielo
no cabe ni un rayo de luz.
¿Que fue que nos unió en un mismo vuelo?
¿Los mismos anhelos?
¿Tal vez la misma cruz?

¿Quien tiene razón?
¿quien está errado?
¿Quien no habrá dudado de su corazón?
Yo sólo quiero que sepas:
no estoy aquí de visita,
y es para ti que está escrita esta canción

06 outubro 2006

Se chove lá fora...

Soneto de separação - Vinicius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

E de repente o que era leve tornou-se pesado e até mesmo o dia amanhece carregado, exatamente como o coração. E é preciso agir, como a própria natureza. Não é suficiente apenas observar o céu desaguando, por vezes derramar algumas lágrimas também é necessário. Assim como na natureza a chuva tem seu papel de renovação durante seus ciclos, no homem o ato de chorar é capaz de renovar o espírito, aclarar as idéias, descarregar as mágoas...
Mesmo numa fase não muito boa, não podemos deixar essa tristeza tomar conta de tudo. Tenho ciência de que é passageiro e que, muito em breve, tudo estará bem, muito melhor do que fora antes.

prantos sentidos
lágrimas e pingos
no rosto e no vidro

29 setembro 2006

Só tenho a dizer...

O rio - Ana Carolina

Eu vou atravessar o rio a deslizar
Que me separa de você
O tempo atravessa em meu lugar
E deixo pra depois o que eu tinha que fazer
O destino aceito sem dizer sim ou dizer não
Sem entender
E fica a sensação de saber exatamente porque menti
Eu sei de onde vim e pra onde irei
Mas com você eu fico sem saber onde estou

Nós dois que sequer nos parecemos
E não cabemos num mesmo espelho
Mas nos olhamos toda manhã
A ferrugem mesmo pouca
Corrói os trilhos
As ruas nos atravessam
Sem olhar pro lado
Estou em você
E fica a sensação de saber exatamente porque menti
Eu sei de onde vim e pra onde irei
Mas com você eu fico sem saber onde estou

Eu vou atravessar o rio a deslizar
Que me separa de você

Se a Ana não gritasse tanto seria uma música para ouvir no último volume...

A todos um ótimo final de semana e votem conscientes!!!

27 setembro 2006

Poesia por companhia...

Hoje amanheci saudosa... uma saudade nem sei bem do quê!
Desconfio que preciso de atenção!!!...rs
Vou procurar seguir o conselho de Pessoa:


Para momentos indefinidos assim, nada melhor que a poesia, que é sempre uma perfeita companhia...

Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves.

Flor! enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

Como aqui se está bem! Além freme a quermesse...
– Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos...

(Excerto de "Um Sonho", Poema de Eugênio de Castro)

22 setembro 2006

Primavera...

Eis que chega a esperada sexta-feira e com ela a serenidade que ameniza uma semana turbulenta. Refletir sobre todos os documentos perdidos com a HD ainda incomoda, mas hoje não é dia de pensar sobre isso, ao contrário, é dia de agradecer, louvar a graciosidade da vida em cada detalhe, a dádiva de ter sempre as amigas ao redor, a sorte de um amor tranqüilo, que mesmo distante preenche o peito. De quebra, para fechar com chave de ouro o dia de hoje, nada melhor que reunir-se com as amigas e rir, desperdiçar horas jogando conversa fora, porque nem todo mundo é de ferro e merecemos certas besteirinhas para tornar mais leve a nossa vida.
E foi com esse espírito meio Sofia que amanheci hoje e espero passar alguns dias serena assim, pois a tranqüilidade sempre é agradável.

Mulher com flor - Pablo Picasso


Efeito primavera - Vânia Sousa

Três senhoras varrendo ruas
em pleno dia que amanhece,
são mulheres a ocupar o tempo
para ver se delas, ele se esquece...

Nas avenidas, em seguidas ruas
paisagens cintilam em cores férteis,
flores e folhas abraçam o vento
brindando o tempo que não as fenecem...

A primavera marca o retorno
das cores vivas que
resplandecem...

Enquanto altivas, jovens em coro,
suspiram ao ver que
rejuvenescem.

A todos um ótimo final de semana com muita paz!!!

18 setembro 2006

Recomeçando...

De noite na cama - Marisa Monte

De noite na cama, eu fico pensando
Se você me ama ... E quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite na cama ... E quando

De dia eu faço graça
Pra não dar bandeira
Não deixo você ver
De dia tudo passa como brincadeira
Longe de você
Por onde você mora
Pára e se demora
Por hora não vou ter
Coragem de dizer
Mas há de haver a hora...
Se você for embora
Agora
De noite na cama, eu fico pensando
Se você me ama e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite na cama e quando...

Mesmo estando no começo, que a semana seja breve!!!

15 setembro 2006

Alice Ruiz...

E quem não se inspira ao ler Alice Ruiz? Encantei-me ao ler sua coletânia de hai-kais: Desorientais. Apreciem e, por ventura, inspirem-se:

velha lua
ao ver-me a vê-la
vermelha

Alice Ruiz
maravilha que nos leva
a outro país

Vânia Sousa

Estou melhorando, pero mi ordenador se quedo al carajo...jajaja
Rio para não chorar e passo aqui hoje para desejar-lhes um ótimo final de semana e solicitar votos de boa sorte para a semana de provas que se iniciará neste dia 18/09.
Besos y abrazos, hasta la vista!!!

12 setembro 2006

Dodói...

Estou doente!!!


Como se não bastasse o computador ainda não 100% restabelecido, agora a doente da vez sou eu. Febre, dor de garganta, dor de cabeça, tudo justo agora quando o sol resolveu sorrir novamente para nós e quando também não só os dias, mas as noites têm sido muito agradáveis. Nem tudo é perfeito, não é?
Para não deixar acumular mais dias ainda sem passar por aqui, venho hoje compartilhar com vocês uma linda poesia, ressaltando minha saudade, sintoma que também ajuda a debilitar um coração apaixonado...


CREPÚSCULO - David Mourão-Ferreira

É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
quando a noite se destaca
da cortina;
quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
quando a força de vontade
ressuscita;
quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
E quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida.


Ahhh... não poderia deixar de mandar um super parabéns para minha querida-grande-amiga Aline, muitas felicidades, saúde, paz, amor e, principalmente, dinheiro no bolso para curtir com amigas assim como eu...hehehe
Feliz cumpleaños con muchos besos y abrazos cariñosos!!!

01 setembro 2006

Para esquentar...

Gente, que frio é esse? Eu já estava toda feliz achando que não ia mais esfriar tanto assim, tô clamando por meu cobertor de orelha, espero que minhas súplicas sejam atendidas!!! Ficar longe não tem a menor graça!!!

Saudade embalada - Vânia Sousa

Abarco ao escuro do quarto,
veloz e grave soa a voz que me chama,
espreito o lugar onde vou me deitar,
me guio ao pressentir o arrepio,
ao toque suplico: me tome...
à carne imploro: me talhe...

Tensão ao pressentir proximidade,
concretizar tão esperado reencontro,
o prazer desfalecerá todo meu ser,
perpetrado e imerso em cheiros teus,
os sentidos aguçando minha vontade são
sensações que embalam minha saudade...

Súplicas atendidas: adivinhem quem chega hoje?!?!
Beijos a todos e um ótimo final de semana!!!

30 agosto 2006

Resposta à altura...

Enfim, algo digno de ser publicado sobre a Amazônia. Antes que apareçam críticas dizendo que não se deve acreditar em tudo que recebemos por e-mail, gostaria de deixar claro que mesmo esta mensagem sendo uma especulação, serve como resposta digna a qual todos os brasileiros deveriam ter, na ponta da língua. Compartilhem e saboreiem o poder do raciocínio a favor da humanidade!!!
Uma amiga me mandou esse texto, adorei e compartilho com vocês.

ESSA CALOU OS NORTE AMERICANOS - SHOW DO MINISTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS

Essa merece ser lida, afinal não é todo dia que um brasileiro dá um esculacho educadíssimo nos americanos!

Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr. Cristóvam Buarque:

De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para humanidade.

Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser
internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de
todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança
do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. "Só nossa"!.

Dizem que esta matéria não foi publicada, por razões óbvias.


Obrigada Aline, pelo carinho de sempre, por compartilhar o e-mail e por ser minha grande amiga e irmã. Te adoro muito e você sabe disso!!!

28 agosto 2006

Amenizar...

A semana começa 'injuriada' com mais um escândalo no nosso Brasil brasileiro, não adianta afirmar que iria vender o horário eleitoral e nem que tinha comprado o partido, o que ainda falta para haver justiça nesse país?
Diante de tanta sacanagem, quero aqui amenizar um pouco o clima embalada na poesia. Apreciem...

Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito

É rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas

A trégua
a entrega
o disfarce

E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo

E eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vai descobrindo vales.

Maria Teresa Horta

25 agosto 2006

Poetando...

Indeterminado - Vânia Sousa

Anseio tempo
para deter o vento
irromper agora
teu pensamento.

Deitar ao lado
corpo crispado
ao querer sucumbir
é o destino fadado.

Tocar a pele
roçar de leve
os lábios doces
que aos meus os cede.

E num rompante
vejo com a aurora
o calado esvair
do acabou-se breve...

23 agosto 2006

Indignação...

Aproveitando o embalo da indignação, compartilho com vocês o conteúdo de um e-mail que recebi e me deixou pasma. Acompanhem.
Observem abaixo a página de um livro de geografia adotado nos EUA e leiam as críticas aos brasileiros.



A HORRORIZANTE TRADUÇÃO DO TEXTO QUE ESTÁ AO LADO DO MAPA

Uma introdução à Geografia.

Em uma seção ao norte da América do Sul, uma extensão de terra com mais de 3.000 milhas quadradas.


3.5-5 - A PRIMEIRA RESERVA INTERNACIONAL DA FLORESTA AMAZÔNICA

Desde meados dos anos 80 a mais importante floresta do mundo passou a ser responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas. É chamada PRINFA (A PRIMEIRA RESERVA INTERNACIONAL DA FLORESTA AMAZÔNICA), e sua fundação se deu pelo fato de a Amazônia estar localizada na América do Sul, uma das regiões mais pobres do mundo e cercada por países irresponsáveis, cruéis e autoritários. Fazia parte de oito países diferentes e estranhos, os quais, em sua maioria, são reinos da violência, do tráfego de drogas, da ignorância, e de um povo sem inteligência e primitivo. A criação da PRINFA foi apoiada por todas as nações do G-23 e foi realmente uma missão especial para nosso país (EUA) e um presente para o mundo todo visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de povos e países tão primitivos condenariam os pulmões do mundo ao desaparecimento e à total destruição em poucos anos.

Texto à direita da borboleta:

Podemos considerar que esta área tem a maior biodiversidade do planeta, com uma grande quantidade de espécimes de todos os tipos de animais e vegetais. O valor desta área é incalculável, mas o planeta pode estar certo de que os Estados Unidos não permitirão que estes países Latino Americanos explorem e destruam esta verdadeira propriedade de toda a humanidade. PRINFA é como um parque internacional, com severas regras para exploração.

Para ficar indignado!

No dia 24/5/06 o jornal "Estadão” publicou sem destaque nenhum, em três minúsculas linhas, a denúncia gravíssima de uma brasileira residente nos EUA.
Os livros de geografia de lá, estão mostrando o mapa do Brasil amputado, sem o Amazonas e o Pantanal. Eles estão ensinando nas escolas, que estas áreas são internacionais, ou seja, em outras palavras, eles estão preparando a opinião pública deles, para dentro de alguns anos se apoderarem de nosso território com legitimidade. Nós somos brasileiros e, no mínimo, temos de nos indignar com esta afronta. Vamos passar esta mensagem para o maior número de pessoas que conhecermos, e para que eles saibam que, embora eles não noticiem o fato, nós, povo, estamos sabendo.

e-mail assinado por Celso Santos da Editora Abril S/A com o seguinte apelo, redigido pelo próprio:

Srs. já mandei para vários Senadores da República esta denúncia com o texto abaixo e a foto da página de um livro "didático" mostrando que somos menos do que ratos...
Divulguem e cobrem dos Ministros, Presidente, Senadores para que tomem alguma atitude.
Para ter acesso aos nossos senadores, acessem o site
www.senado.gov.br/web/senador/senanome.cfm e você terá acesso a todos eles. Mandei para mais de 15. Se todos agirmos desta forma eles talvez façam algo, pois seremos vários a fazer isso.
Vamos ficar de braços cruzados e boca calada? Ou vamos reagir?

Dos parlamentares, esperamos AÇÃO IMEDIATA.
Dos cidadãos, que REPASSEM esta notícia a todos os seus conhecidos!
Dos jornalistas, que DIVULGUEM este absurdo, para que a Nação se levante contra essa violência inominável!

Para quem desconhecia:

FHC entrega Base de Alcântara a Tio Sam - José Arbex Jr.

Imagine a seguinte situação: um sujeito quer alugar um quarto da sua casa, onde você mora e vive. Propõe, como pagamento pelo aluguel, uma ninharia, alguns trocados. Exige, em troca, que você se mantenha bem longe do quarto; que renuncie até mesmo ao direito de sequer perguntar para quê servem algumas misteriosas caixas lacradas que o sujeito já diz, de antemão, que pretende levar para o quarto; proíbe, além disso, que você use o dinheiro do aluguel como bem entenda, ou que, finalmente, alugue outros quartos para outros inquilinos sem autorização prévia do tal fulano. Você toparia?
Parece piada, mas estes são os termos do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas que o governo Fernando Henrique Cardoso assinou com Washington, em maio de 2000, assegurando aos Estados Unidos o direito de usar a base espacial de Alcântara, no Maranhão, estrategicamente situada na entrada da Amazônia. A posição geográfica da base – situada a dois graus da linha do Equador - é perfeita para o lançamento de foguetes. O preço do “aluguel”: 34 milhões de dólares anuais, bem menos do que um mísero cafezinho para os padrões de gastos e investimentos da indústria aeroespacial dos Estados Unidos.

Despejo dos quilombolas

Ao criar o Centro de Lançamento de Alcântara, em 1980, o governo desapropriou por decreto uma área de 52 mil hectares, o que implicou desalojar e transferir cerca de 500 famílias, descendentes de quilombolas, para agrovilas no interior do Estado. Em 1990, Fernando Collor de Mello destinou outros 10 mil hectares para a base. Resultado: outras 200 famílias foram para as agrovilas. Essas “transferências” são de uma violência brutal, não só por terem mudado radicalmente a vida de comunidades inteiras – que viviam de pesca típica daquela região específica -, mas também pela destruição do patrimônio histórico e cultural preservado pelos quilombolas.
“O governo amontoou nas mesmas agrovilas grupos distintos de pessoas, não respeitando as diferenças culturais”, diz Dorinete Serejo Moraes, do MAB (Movimento dos Atingidos pela Base de Alcântara). João Pedro Stedile resume adequadamente o significado social de tudo isso: “Do jeito que está, a única solução econômica para essas famílias será suas filhas se tornarem prostitutas para atender aos soldados norte-americanos”.

Leia a matéria na íntegra, acessando o site:
Revista Pangea

22 agosto 2006

Grito dos bons...

Condenados à marginalidade, não é de hoje que os habitantes dos morros vêm organizando um poder paralelo, unindo-se pelo meio mais fácil e também mais ao alcance de suas mãos: o tráfico de drogas; acreditam poder mudar suas vidas, renascendo das cinzas provenientes do esquecimento, do descaso do governo e do restante dos cidadãos. É certo que não se pode generalizar, sabe-se de alguns projetos sociais realizados em morros, mas ocorre também que a maioria da população que convive com a dura realidade dos morros não vê outra saída a não ser aliar-se ao crime.

É praticamente um vulcão em erupção o que assistimos hoje, e a lava desse vulcão está causando apenas seus primeiros e superficiais estragos. Hoje em dia, o tráfico de drogas é um negócio que envolve muita grana... e todos sabem que onde há grana, há sempre pessoas atraídas em obter mais e mais, seja qual for a mina de ouro que hão de explorar.

Por que as autoridades não conseguem controlar os ataques? Por que os presidiários (mesmo com alguns presídios super modernos) ainda conseguem comandar DE DENTRO DOS PRESÍDIOS, o tráfico? Por que a segurança pública não assegura nada aos cidadãos, por que o governo não decide por aceitar a ajuda do exército?

Há por trás de tudo isso um jogo de interesses enorme... seria o mesmo que perguntar: Por que muitos políticos (a maioria) ganham tanto e nada fazem? Por que o dinheiro suado de muitos brasileiros vão parar em cuecas ou malas e nunca punem-se os (ir)responsáveis? Por que somos obrigados a acreditar em mentiras e discursos vazios de candidatos à presidência sendo que sabemos que, logo após a posse, eles apenas virarão as costas ao povo brasileiro e desfrutarão das regalias presidenciais, por que há muito pouco veneno no mundo que seja capaz de liquidar com os ratos da ninharia política...???

Se compararmos as situações, não dá para saber quem é mais ou menos injusto. Se aquele que rouba descaradamente os cofres públicos ou se aquele que ateia fogo aos ônibus para demonstrar que não está satisfeito com a ridícula situação em que nos encontramos. Eclodir o caos urbano foi a maneira que estes legionários encontraram para fazerem-se notar e demonstrar que não estão e nem ficarão calados, falarão à sua maneira... e eu ainda fico me perguntando o que os bons podem bradar diante dessa situação, onde pouca coisa surpreende e por vezes não sabemos mais o que é ou não realidade.

Não me lembro onde li uma frase propícia que diz: “Uma nação sem livros é um perigo” e isto é mais do que correto e é a evidência do que vemos hoje. Não menciono ‘livros’ aqui apenas como uma forma de erudição, mas em todos os sentidos que a palavra possa compreender: lazer, divertimento, instrução, lições de moral, bons e maus exemplos que têm por finalidade instigar o senso crítico do leitor, enfim, ampliar os horizontes de quem julga ser incapaz de contribuir com algo positivo para melhorar a realidade ao seu redor e o principal: relembrar ao ser humano que ele possui valores que devem ser adotados, mantidos, renovados, mas nunca perdidos, como infelizmente estamos assistindo acontecer no Brasil de hoje.

Acredito que ainda há salvação se cada um fizer a sua parte e se todos fizerem parte do mesmo ideal justo e democrático de restabelecer os princípios e as virtudes humanas.

PlutoCraCia - Vânia Sousa

Na ascensão da minoria,

o poder é o alvo da ganância,

enquanto o povo tripudia

assistindo à injusta governança.

Até que um dia a crise abala,

os nervos de aço dos cidadãos,

que vêem seu dinheiro em cuecas, malas,

é a (i)nação bancando o mensalão.

A famosa 'pizza' já não agrada,

nem aos do morro ou da prisão,

a sociedade então se depara

com os legionários da indign(a)(n)ação

Tendo a vingança como filosofia,

instalam o medo, a decrença

no poder dos poucos que, em covardia,

escondem-se atestando sua incompetência.

E é preciso realmente, gritar por todos os orifícios...

Post que vem atender ao convite da Mari, partindo da idéia da Laura as quais agradeço o convite.

19 agosto 2006

Blogagem Comunitária...

Pessoas, hoje estou aqui para repassar o convite que recebi da Mani sobre o post comunitário que acontecerá nesta terça-feira, dia 22/08.
Com o propósito de demonstrarmos nossa reação ao caos coletivo em que nos encontramos, condenados a nossas casas enquanto a violência toma conta e governa as cidades, temos aqui a oportunidade de juntarmos as indignações e divulgarmos nosso manifesto. Estejam à vontade para participar e para maiores informações acessem o blog da
Laura e demonstrem que não desejamos sucumbir ao silêncio dos bons!!!

18 agosto 2006

Destino dos versos...

Interessante como, ao perceber outras interpretações, a dimensão da nossa realidade expande-se. Agora entendo o sentido de quando escritores e poetas escrevem que não sabem para onde vão seus textos, como num trecho de um dos poemas de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa):

Da mais alta janela da minha casa, com um lenço branco digo adeus, aos meus versos que partem para a humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos,
Porque não posso fazer o contrário,
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
Ei-los que vão já longe como que na diligência,
E eu nem sequer sinto pena, como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os lerá? Quem sabe a que mãos irão? (...)


Minha professora também já havia comentado na classe que, a partir do momento em que o autor compartilha o texto com os leitores, esse texto já não é mais dele e sim de cada leitor, pois realidades diversas vão sendo criadas a partir de cada leitura. À realidade que levou o artista a elaborar sua obra mesclam-se essas novas interpretações e a pluralidade dá margem a um campo vastíssimo, onde certamente novos frutos serão colhidos e oferecidos novamente, num processo contínuo que sempre renova a semeadura, engrandece a plantação e diversifica o objeto de colheita.

Irônica Mente - Vânia Sousa

Fantasiando desejos, volúpia
às palavras segue unindo-se
latejando em malícia, a artista
ousa avançar despindo-se...

Da fértil imaginação, alheia
condensa o devasso, latente
faz do ambiente que a rodeia
seu ócio criativo, constantemente...

É possível deduzir
que a artista navega
consciente?

Será verdade afirmar
que apenas verseja
enganosa, mente?

Mesmo com destino incerto, que meus versos possam ser acolhidos pelo coração de quem, por ventura, venha a lê-los.

15 agosto 2006

Quem diria Leminski?!

a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão

Estudar literatura já é, por si só, um deleite. Quando se trata de poemas então, sigo encantada. Porém, maior não poderia ser minha surpresa ao ter um de meus poemas sendo destrinchado na aula de Teoria da Literatura, pela professora e pelos alunos, meus colegas de classe... É indescritível o contentamento por ter um trabalho reconhecido e não se trata apenas de reconhecimento, mas também de estudo. Como eu disse ontem em minha classe do 4º semestre de Letras, jamais eu poderia fazer uma análise tão polissêmica e tão deslumbrante quanto a que foi feita em cima de meu poema Vertigem, descobri observações as quais nunca tinha parado para analisar e elas só vêm a contribuir e a servir de impulso para o prosseguimento do meu trabalho.
Hoje o dia é de agradecer, ao carinho imenso com que meu poema foi recebido e estudado previamente pela Professora Mestre em Literatura Geruza Zelnys de Almeida e aos meus colegas de classe que, a princípio desconhecendo a autoria do poema, decomporam meu trabalho e puderam chegar a tantos e tão diversos significados interpretando meu escrito.
Orgulhosa por dividir a aula com uma das obras de Paulo Leminski e ousando agradecer por meio da retórica, ou seja, através da arte literária a qual nos propicia tão boas surpresas, venho singelamente reler o poema com o qual comecei meu post e que também nos foi objeto de estudo ontem:

exalando cadência lírica
uma lágrima embala o riso
eis a gratidão poética...

Vânia Sousa


Não poderia deixar de citar minhas amigas: Camila, Edilene, Rosana e Mariana que fazem parte de meu grupo de estudo e acompanham de perto minha trajetória sendo sempre tão carinhosas e críves de minha possível poesia.

09 agosto 2006

Madrugada...

Estou de "molho" por uma semana, quis ser atleta de final de semana, fui jogar futebol na chácara do meu irmão e acabei me machucando, torci um dedo da mão, acabou que juntou tendinite + torsão e preciso ficar uns dias de repouso, mas logo estará tudo bem...
Não sei precisar a hora, mas foi durante esta madrugada que este poema surgiu de meus pensamentos, não poderia deixar de postá-lo aqui...


Contemplo o lago mudo - Fernando Pessoa

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

A todos que por aqui passam, desejo que tenham lindos dias!!!

03 agosto 2006

O cara...

Esse é o cara...

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de fachada, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
Inimigo de hipócritas, e frades:

Eis Bocage, em que luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou cagando ao vento.



Bocage e as Ninfas
Óleo de Fernando Santos. Museu de Setúbal

27 julho 2006

Caipira...

Semo memo i num neguemo...rs

Finá de ato

Adispôs de tanto amor
De tanto cheiro cheiroso
De tanto beijo gostoso, nós briguemos
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se!
Ele disse: cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.
Xinguemos, sim, nós se xinguemos
Como se pode axingá:
- Ô, mandinga de sapo seco!
- Ô baba de cururu!
- Tu fica no Norte
Que eu vô pru sul
Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não me assombrá.
É... o Brasil é muito grande
Bem pode nos separar!

Eu engoli um salucio
Ele, engoliu bem uns quatro,
Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tanto tempo
Que nem é bom rescordar...

Onti, nós si encotremus
Nenhum tentô disfarçá
Eu parti pra riba dele
Cum um fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.

Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto beijo gostoso...
Acontece nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nus separá!


Texto original de autor desconhecido. Adaptação de Gertrudes da Silva Jimenez Vargas.

E quem é que não gosta de uma caipirinha???...rs


22 julho 2006

Como um rio...

Ser capaz, como um rio
que leva sozinho
a canoa que se cansa,
de servir de caminho
para a esperança.
E de lavar do límpido
a mágoa da mancha,
como o rio que leva,
e lava.

Crescer para entregar
na distância calada
um poder de canção
como o rio decifra
o segredo do chão.

Se tempo é de descer,
reter o dom da força
sem deixar de seguir.
E até mesmo sumir
para, subterrâneo,
aprender a voltar
e cumprir, no seu curso,
o ofício de amar.

Como um rio, aceitar
essas súbitas ondas
feitas de águas impuras
que afloram a escondida
verdade nas funduras.

Como um rio, que nasce
de outros, saber seguir
junto com outros sendo
e noutros se prolongando
e construir o encontro
com as águas grandes
do oceano sem fim.

Mudar em movimento,
mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda.
Como um rio.

Thiago de Mello

17 julho 2006

De volta ao planeta dos macacos...

Empoçada de instantes, cresce a noite
Descosendo as falas. Um poema entre-muros
Quer nascer, de carne jubilosa
E longo corpo escuro. Pergunto-me
Se a perfeição não seria o não dizer
E deixar aquietadas as palavras
Nos noturnos desvãos. Um poema pulsante
Ainda que imperfeito quer nascer.

Estendo sobre a mesa o grande corpo
Envolto na sua bruma. Expiro amor e ar
Sobre suas ventas. Nasce intensa
E luzente a minha cria
No azulecer de tinta e à luz do dia.
Hilda Hilst

Não tenho criado nada por conta de vários afazeres do dia-a-dia, mas não posso deixar de atualizar este meu cantinho e compartilhar com vocês a embriaguez amorosa em que me encontro, então seleciono aqui belos poemas que falarão por mim...beijos aos que passam e tenham lindos dias...

Soneto puro

Fique o amor onde está; seu movimento
nas equações marítimas se inspire
para que, feito o mar, não se retire
das verdes áreas de seu vão lamento.

Seja o amor como a vaga ao vago intento
de ser colhida em mãos; nela se mire
e, fiel ao seu fulcro, não admire
as enganosas rotações do vento.

Como o centro de tudo, não se afaste
da razão de si mesmo, e se contente
em luzir para o lume que o ensolara.

Seja o amor como o tempo — não se gaste
e, se gasto, renasça, noite clara
que acolhe a treva, e é clara novamente.

Ledo Ivo

03 julho 2006

Possível poesia...


Encantando como sempre, José Saramago num dos textos encontrados no livro Possíveis Poesias:

Espaço curvo e finito
Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

Desejo que a semana voe, pois vem aí alguns merecidos dias de descanso.

27 junho 2006

Carinho...


Trago uma rosa vermelha
Aberta dentro do peito
E já nem sei se é comigo
Se é contigo que eu me deito.
A minha rosa vermelha
Mais parece uma romã
Pois quando aberta de noite
Não se fecha de manhã
Trago uma rosa vermelha
Na minha boca encarnada
Quem me dera ser abelha
De tua boca fechada
Trago uma rosa vermelha
Não preciso de mais nada.
Pus uma rosa vermelha
Na fogueira do teu rosto
Mereço ser condenada
Por crime de fogo posto.
Trago uma rosa vermelha
Que é minha condenação
Condenada a vida inteira
À fogueira da paixão
Trago uma rosa vermelha
Atrevida e perfumada
É uma rosa vaidosa
A minha rosa encarnada
Trago uma rosa vermelha
Não preciso de mais nada.


José Carlos Ary dos Santos

24 junho 2006

Universo Ao Meu Redor...

Para amenizar a saudade, neste final de semana cheio de trabalho e sem graça, nada melhor que a companhia de boas músicas e ótimas lembranças, fica uma canção do outro novo CD da Marisa que também é tudo de bom, realmente uma artista de quilate essa menina.

O Bonde do Dom - Marisa Monte

Novo dia, sigo pensando em você
Fico tão leve que não levo padecer
Trabalho em samba e não posso reclamar
Vivo cantando só para te tocar

Todo dia, vivo pensando em casar
Juntar as rimas como um pobre popular
Subir na vida com você em meu altar
Sigo tocando só para te cantar

É o bonde do dom que me leva,
os anjos que me carregam,
os automóveis que me cercam
os santos que me projetam

Nas asas do bem desse mundo
carrego um quintal lá no fundo
a água no mar de pele
a sede de ti prossegue...
a sede de ti...



A todos que passam por aqui fica o desejo de ótimos dias, e ao meu amor um desejo especial: QUE O UNIVERSO AO MEU REDOR ESTEJA SEMPRE PREENCHIDO POR TEU INFINITO PARTICULAR... SEMPRE!

19 junho 2006

Voltando...

Depois do feriadão, de muita preguiça, amor, de novidades e esperanças renovadas, estou voltando...rs
Deixo aqui, sem apologias, apenas pela arte da palavra e à delícia da melodia, esta pérola:


Admiração - Paulinho Moska

Meus olhos, famintos, não se cansam de te acariciar
Procuram sempre um novo ângulo pra te admirar
E sonham mergulhar na sua boca de vulcão
Provar todo o calor que há na sua erupção

Escorregar nos rios claros das margens dos teus pêlos
E encontrar o ouro escondido que brilha em seus cabelos
Devorar a fruta que te emprestou o cheiro
E talvez desfrutar de um amor puro e verdadeiro

Esquecer o espaço, o tempo e o viver
Perder a noção do que é ter a noção do perder
Se um dia eu fui alegria ao te conhecer
Agora canto porque sinto a dor de não te ter.

06 junho 2006

Infinito Particular...

Marisa Monte é sempre agradável, ainda mais em ótima companhia que faz bem ao corpo e à alma...
Por enquanto só conheci este seu novo trabalho: Infinito particular, mas creio que Universo ao meu redor não fique por baixo.
Aqui fica a dica e a música-tema do meu final de semana:


Pra ser sincero

Eu era tão feliz
E não sabia, amor
Fiz tudo o que eu quis
Confesso a minha dor
E era tão real
Que eu só fazia fantasia
E não fazia mal
E agora é tanto amor
Me abrace como foi
Te adoro e você vem comigo
Aonde quer que eu voe

E o que passou, calou
E o que virá, dirá
E só ao seu lado, seu telhado
Me faz feliz de novo
O tempo vai passar
E tudo vai entrar no jeito certo de nós dois

As coisas são assim
E se será, o que será?
Pra ser sincero, meu remédio é te amar, te amar
Não pense, por favor
Que eu não sei dizer
Que é amor tudo o que eu sinto longe de você

Oportunidades...

Tudo na vida é uma questão de oportunidade...

Chutes ao vento - Cora Coralina

Eu vejo, que,
com minhas mãos faço,
e fazem por ti

Eu vejo, teus rios de lágrimas,
com minhas mãos seco,
e choram por ti

Eu vejo, meu dia,
com minhas mãos cumpro,
e gozam por mim


Eu vejo, meu sonho,
com minha mente construo,
e desistem... por mim

Eu vejo, a mim mesmo,
com meu coração abraço,
e julgam, por mim

E é por isso que abalo-me,
é de ver o abalo geral,
em ver-me feliz

O menino não chutou,
por que ninguém a ele
bola passou.

03 junho 2006

Lírios do campo...

Ilustração de "Nos ardía el corazón" (4º grado EGB) Ediciones San Benito 2004

Mensagem de Érico Veríssimo no seu livro Olhai os lírios do campo:

"Saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços.
É indispensável que conquistemos este mundo, não com armas do ódio e da violência, e sim com as do amor e da persuasão.
Quando falo em conquista, quero dizer a conquista de uma situação digna para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação. Através do amor..."

A todos um excelente final de semana...

01 junho 2006

Gris...

Calvário - Vânia Sousa

Jogada à efemeridade,
lutando com a saudade,
renasce comigo um ser antigo.

Até a sombra
se desmorona,
o coração a pleno pulmão.

Ser solitário,
já deste calvário,
não se lembrava nem ansiava.

Porém é merecido,
perecer sem ter comigo,
nem mesmo o pulsar
do teu coração ao me amar...

31 maio 2006

Só mesmo a arte...

Foi luz e trevas, foi calor e frio, foi tudo e nada.
Encheu-me a consciência da minha insignificância,
De que nada posso e de que aquilo que quero não conta.
É hoje certeza de que o que possuo não é meu mas do destino.
E ontem, já só braseiro, alimentou-me a solidão,
Pois tu não estavas...
Ah, se os teus dedos pudessem limpar a fuligem dos meus olhos
E a tua boca varrer as cinzas que cobrem a minha,
Por baixo estaria um sorriso à tua espera
E sentir-me-ia compensada!
Vem! Depressa!

Maria Branco

26 maio 2006

Metalingüisticamente, ou não...




Compoema - Vânia Sousa

Não poeto,
nem poetizo...

Não componho,
nem concretizo...

Apenas compoemo,
compoetizo...






Arte mórbida – Vânia Sousa

Não mereço consideração
Nem tão pouco palavras suas
Nem quando abro o coração
Ou quando trago minha alma nua

Entendo sua razão
Para afastar minha procura
Desmerecida em minha paixão
Vago miúda por entre as ruas

Cruzando esquinas
Pisando em letras
Desfalecendo em rimas
Morrendo em poemas


A todos um belíssimo final de semana...


24 maio 2006

Desapego...

Como se fosses noite e me atirasses
uma corda de músculos e rosas.
Como se fosses noite e me deixasses
deslumbrado com todas as sombras,
com todos os silêncios,
com todos os passeios de mãos dadas com o impossível.

Com todos os minutos,
Os lentos, os belos, os terríveis minutos que se escoam com a angústia nas escadas.
Como se fosses noite e acordasses
todos os olhares furtivos aos bancos vazios,
todos os passos hesitantes que ninguém segue
mas que deixam na rua deserta,

na cidade ausente,
o arabesco triunfal de um arcanjo que passa,
o rasto vitorioso dum condenado que dança,
rindo dos deuses que o julgaram.

Ary dos Santos

21 maio 2006

Lya Luft

Dei uma geral no meu pc neste final de semana e encontrei mensagens preciosas, uma das que compartilho com vocês é a que segue. A todos um ótimo começo de semana.

Quase tudo mudou, mas a essência permanece a mesma: a nossa essência.
Vertiginosamente no século passado a sociedade mudou, a família mudou. Transformou-se a cultura, evoluíram tecnologia e ciências, tudo avança em uma velocidade inimaginável, há 50 anos.
Porém as emoções humanas não mudaram.
Nem ao menos somos originais. Nossos desejos básicos hão de ser os mesmos: segurança, afeto, liberdade, parceria; sentir-me integrado na sociedade ou na família, ser importante para meu grupo ou ao menos para uma pessoa – aquela que é o meu amor. Não preciso ser um rei para ser importante, mas devo me sentir apreciado.
Isso me determinará tanto quanto o primeiro olhar que incidiu sobre mim. Devo considerar capaz e merecedor, sem megalomania, sem alienação. Dentro do que está aí para que eu o escolha, o modifique, o faça meu.
Não tem a ver com dinheiro, posição social, nem com soberba, mas com o modo como somos avaliados – por nós e pelos que amamos. Minhas ações e desistências nascem desse conceito primeiro.
Não importa se sou operário, doméstica, motorista, camponês ou alto executivo, atriz vitoriosa ou obscura balconista: gosto de mim na medida em que acredito na minha dignidade, quero me expandir conforme meu valor. E também segundo o quanto acho que vale a pena esse salto, esse crescimento, essa entrega. Depende de minha confiança.
Isso tudo não se instalou em nós através de palavras ensaiadas para ocasiões especiais ou crises. Estrutura-se subliminarmente no convívio diário, paira no ambiente, brilha na pele (...).
(...) Se achar que não valho nada, serei nada. Deixarei que outros falem, decidam, vivam por mim. Porém, se acreditar que apesar dos naturais limites e do medo todo eu mereço uma dose de coisas positivas, vou lutar por isso.
Vou até permitir que os outros me amem.

Trecho do livro Perdas e Ganhos, de Lya Luft.

20 maio 2006

Meta...

Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.

Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.

E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.

É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?


A seta e o alvo - Paulinho Moska

Ultimamente tenho ouvido muito esta música, nem sei bem o porquê, mas de épocas algumas músicas me pegam, atualmente está sendo essa.
Aos que por aqui passam deixo beijos e desejo a todos e um ótimo final de semana.

16 maio 2006

Amor...

Tema reduntante deste blog, porém eu não poderia deixar de postar um texto que li no livro Metafísica do Amor e Metafísica da Morte, de Arthur Schopenhauer. É um trecho do romance Guzman de Alfarache, de Mateo Aleman, o qual achei muito bonito:

No es necesario, para que uno ame, que pase distancia de tiempo, que siga discurso, ni haga elección, sino que com aquella primera y sola vista, concurran juntamente cierta correspondência o consonancia, o lo que aca solemos vulgarmente decir, uma confrontación de sangre, y que por particular influxo suelen mover las estrellas.

Tradução:
Para que alguém ame não é necessário que passe muito tempo, que empregue ponderação e faça uma escolha; mas apenas que, naquele primeiro e único olhar, encontre-se uma certa adequação ou concordância mútuas, ou aquilo que aqui costumamos vulgarmente designar como uma simpatia de sangue, e que com particular influxo move as estrelas.

11 maio 2006

Mensagens...

E há sempre mensagens que nos encantam. Minha amiga Cátia que me mandou esta e compartilho com vocês. Eu amo Saramago e adorei a indicação da mensagem...

Na ilha por vezes habitada - José Saramago

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mungo infatigável, porque mordeu a alma até os ossos dela. Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste.

E como ando estudando bastante, encontrei em meio aos estudos algo que tenho certeza que minha amiga gostará...rs...pra você Cátia:


"Na verdade, não há prática que não tenha nela embutida uma certa teoria (...). Sem teoria, na verdade, nós nos perdemos no meio do caminho. Mas, por outro lado, sem prática, nós nos perdemos no ar. Só na relação dialética, contraditória, prática-teórica, nós nos encontramos e, se nos perdemos às vezes, nos reencontramos por fim".

Paulo Freire

09 maio 2006

Insônia...

A noite realmente faz com que os pensamentos inundem, ainda mais quando estimulados por um livro que li: Cem Escovadas Antes de Ir Para a Cama, de Melissa Panarello, fica aqui a dica para leitura e o poema que brotou do turbilhão de pensamentos, após as duas da manhã, que só quando anotei-o pude recuperar meu sono...


Vertigem - Vânia Sousa

A noite, na cama,
rolando, insana,
procuro, profana,
o teu desejar...

Me sinto covarde,
sofrendo em alarde,
temendo ser tarde,
voltar a te amar...

Sem sono revejo,
meu doce desejo,
teu corpo que almejo,
sobre mim a pesar...

Desperta-me e some,
deixando-me insone,
sem saber nem o nome
ao qual devo clamar...

Obs.: Não é à toa que até o horário do trabalho, hoje, eu perdi...rs

07 maio 2006

Paciência...

Tenho me deslumbrado com tantos sites que descobri, alguns já estão aqui linkados, outros estão por linkar, mas o que me agrada é perceber como há tanta diversidade e tanta coisa boa nesse mundo. Artistas que brincam, pintam e bordam com as palavras e me proporcionam horas de prazer ao lê-los.
Na falta de tempo para criar, sigo me inspirando ao espiar a criação dos vários talentos que vou encontrando ao longo do caminho e venho hoje aqui, na companhia de um artista que gosto muito: Lenine e aproveito para desejar a todos um ótimo começo de semana...


Paciência - Lenine

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára, a vida não pára não

04 maio 2006

Diferença...


Gente-Bicho ou Bicho-Gente?

A grande barra da
vida é que a gente é
gente

e sente como
qualquer bicho sente...

A grande barra de
gente é a solidão.

A diferença?

O bicho se basta.
A gente, não.


Olympia Salete Rodrigues