06 outubro 2006

Se chove lá fora...

Soneto de separação - Vinicius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

E de repente o que era leve tornou-se pesado e até mesmo o dia amanhece carregado, exatamente como o coração. E é preciso agir, como a própria natureza. Não é suficiente apenas observar o céu desaguando, por vezes derramar algumas lágrimas também é necessário. Assim como na natureza a chuva tem seu papel de renovação durante seus ciclos, no homem o ato de chorar é capaz de renovar o espírito, aclarar as idéias, descarregar as mágoas...
Mesmo numa fase não muito boa, não podemos deixar essa tristeza tomar conta de tudo. Tenho ciência de que é passageiro e que, muito em breve, tudo estará bem, muito melhor do que fora antes.

prantos sentidos
lágrimas e pingos
no rosto e no vidro

Um comentário:

MEHC disse...

Vim até aqui num dia de chuva intensa, na rua e na alma. Gostei. Fui embora mais calma.Obrigada.