06 novembro 2011

Novo olhar...

Vista cansada
Otto Lara Resende





Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.



Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.

02 julho 2011

Impulso...

Texto extraído de uma entrevista com a advogada, professora e organizadora do livro "Julgamentos e Súmulas do STF e STJ", Tânia Braga à Revista Digital do Concurseiro Solitário - 2ª edição.


Na vida as coisas, às vezes, andam muito devagar. Mas é importante não parar.
Mesmo um pequeno avanço na direção certa já é um progresso, e qualquer um pode fazer um pequeno progresso.
Se você não conseguir fazer uma coisa grandiosa hoje, faça alguma coisa pequena.
Pequenos riachos acabam convertendo-se em grandes rios.
Continue andando e fazendo.
O que parecia fora de alcance esta manhã vai parecer um pouco mais próximo amanhã ao anoitecer se você continuar movendo-se para frente.
A cada momento intenso e apaixonado que você dedica ao seu objetivo, um pouquinho mais você se aproxima dele.
Se você pára completamente é muito mais difícil começar tudo de novo. Então continue andando e fazendo. Não desperdice a base que você construiu. Existe alguma coisa que você pode fazer agora mesmo, hoje, neste exato momento!
Pode não ser muito, mas vai mantê-lo no jogo.
Vá rápido quando puder. Vá devagar quando for obrigado.
Mas, seja lá o que for, continue. O importante é não parar!

Autor desconhecido.

Interessante observar como passa o tempo, como as coisas acontecem, mudam e tornam a acontecer. Hoje uma querida amiga se casa tornando minha vida ainda mais rodeada de casais de amigos queridos.

Parabéns e felicidades aos noivos, ainda que o show e o cerimonial completo estejam por vir...rs

03 fevereiro 2011

Não cabe...

Compartilho uma canção que ouvi há alguns anos numa apresentação do artista Fred Martins e gostei bastante... Chama-se Não Cabe.

Não cabe em mim como nuvem, não cabe em si quando alaga,
Não cabe a água, disse não sabe, desaba,
Não cabe tanto dilúvio, não cabe a mão nessa luva;
Não cabe em leito esse rio, não cabe em mar tanta chuva,
Não cabe em si e derrama, chuva que de si não sabe,
Só cabe em si tanta água, no coração de quem ama...

25 janeiro 2011

Gostar...

"Quando a gente gosta, a gente começa emprestando um livro, depois um casaco, um guarda-chuva, até que somos mais emprestados do que devolvidos. Gostar é não devolver, é se endividar de lembranças."



Fabrício Carpinejar